Com a proliferação de tecnologias inteligentes, muitas organizações estão investindo na implementação de formas mais modernas de administrar projetos, processos e até de treinar e desenvolver seus colaboradores. Outras estão aflitas com o uso das novas tecnologias e estão proibindo seus colaboradores de acessar as ferramentas online. 

O Chat GPT, ou Generative Pre-Trained Transformer, é a ferramenta de IA mais famosa e que pode ser facilmente acessada e utilizada por cada um de nós, que nem sempre nos sentimos 100% tecnológicos.  Mas, é claro que essa tendência não vai parar por aí. Esperem para ver o que o Copilot, da Microsoft ou o Gemini, do Google, vão trazer para o nosso dia a dia. De acordo com Erik Brynjolfsson, pesquisador sênior do Stanford Institute for Human-Centered AI, “na próxima década, a Inteligência Artificial não irá substituir os gerentes, mas os gerentes que usam a IA substituirão aqueles que não o fazem”. Se podemos afirmar isso dos gestores, o que esperar dos nossos departamentos de Recursos Humanos?  Nesse panorama, devemos coibir o uso dessas ferramentas ou melhorar as diretrizes para usos apropriados? 

É claro que existe uma ameaça real no uso exacerbado de tecnologias por qualquer empresa e, no caso de nos nossos departamentos de Recursos Humanos, a dependência excessiva de sistemas de Inteligência Artificial sem supervisão humana pode levar a uma desconexão entre os processos administrativos e o elemento humano. Aspectos críticos como relações com os colaboradores, compreensão de situações críticas individuais e empatia podem ser negligenciados.  Além do fato que não pode ser negado de que alguns cargos podem se tornar obsoletos ou desnecessários. 

Para enfrentar eficazmente essas ameaças, as organizações devem implementar processos abrangentes de governança da Inteligência Artificial, dar prioridade às considerações éticas, investir na formação de seus colaboradores e garantir sistemas de IA transparentes e aplicáveis ​​aos processos corporativos. Equilibrar os avanços tecnológicos com normas centradas no ser humano é essencial para uma integração bem-sucedida da IA nas instituições. 

Mantendo o foco nos departamentos de Recursos Humanos, se olharmos além das barreiras, a Inteligência Artificial traz inúmeras vantagens e a possibilidade de revolucionar as práticas tradicionais, aprimorando diversos aspectos da gestão da força de trabalho.  

Uma das maiores influências da IA em RH é a sua capacidade de proporcionar uma experiência personalizada aos colaboradores. Por exemplo, um chatbot treinado com dados específicos sobe cada um dos colaboradores da empresa, pode facilmente adaptar os processos de RH às necessidades e preferências de cada um dos utilizadores, maximizando a eficácia e agilidade dos processos. Ao utilizar tecnologia inteligente e personalizada, os RHs podem aumentar o engajamento, a retenção e o desempenho de seus funcionários criando atividades diversas de gamificação, que podem ajudar a promover a diversidade, facilitar a integração de novos colaboradores e até agilizar as comunicações corriqueiras.  

Em resumo, entre os inúmeros exemplos de como as novas tecnologias poderiam otimizar os processos de Recursos Humanos e melhorar resultados e a produtividade, podemos citar: 

  • A automação facilitada pela IA auxilia na agilização do processo de integração, oferecendo materiais e recursos de treinamento personalizados. Os chatbots contribuem para uma transição mais tranquila para novas contratações, respondendo a dúvidas comuns, que nem sempre o novo colaborador sabe a quem perguntar.
  • A IA simplifica os processos de recrutamento, automatizando tarefas como triagem de candidatos, análise de currículos e avaliações iniciais. Isso não só economiza tempo, mas também otimiza a identificação dos candidatos mais adequados, com menos vieses, pois a IA concentrasse-se em critérios objetivos, contribuindo para iniciativas de diversidade e inclusão e garantindo oportunidades justas para todos os candidatos.
  • Tarefas administrativas rotineiras, incluindo entrada de dados, processamento de documentos e agendamentos, podem ser automatizadas com a IA. Isso permite que as equipes de RH se concentrem em atividades estratégicas e de maior valor agregado.
  • Os aplicativos de IA podem monitorar o bem-estar dos funcionários analisando dados como horas de trabalho, níveis de estresse e informações relacionadas à saúde. Essas informações auxiliam na implementação de programas de bem-estar e no apoio à saúde mental dos funcionários.

Então, devemos realmente temer e evitar veementemente as novas tecnologias nos nossos RHs, inclusive por medo de sermos substituídos? Com certeza não! Ao contrário das preocupações sobre a substituição de um departamento de Recursos Humanos pela IA, essa deve ser vista como uma ferramenta complementar e não como uma ameaça. As competências do RH no papel de “business partners”, verdadeiros parceiros de negócio – com seu conhecimento, empatia e comunicação interpessoal – permanecerão insubstituíveis. As relações humanas continuam a ser um aspecto vital do desenvolvimento de empresas de sucesso e um RH ativo continuará a ser uma parte inestimável do desenvolvimento das pessoas em qualquer empresa de sucesso. A chave reside na humildade e no compromisso com a aprendizagem contínua e a adaptação às novas metodologias. 

É muito importante estar ciente de que a influência da IA no dia a dia de nossas empresas é um caminho sem volta e, por isso temos que estar preparados para surfar esta nova onda. E pensem bem! Não adianta simplesmente proibir a ferramenta ou tentar brecar o seu avanço dentro de sua organização a qualquer custo, pois, segundo Miguel Lannes, CTO da Witseed e Professor de Growth Intelligence, as empresas que se recusarem a adotar as novas tecnologias desaparecerão muito em breve. 

 Por: Vivian Alvo – Master Trainer Blanchard®

 

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